PÃES

O que me lava a alma,me enche os olhos, e me sacia os sonhos.

A me proporcionar fantásticos porres de felicidade! É ver os pães,

Divididos por várias mãos, e comido por várias bocas! Pegadas,

Seguindo mesmos destinos,bocas nutridas por mesmas hóstias.

Cálice solidário, comendo dos vários pães,mãos em labor,

Nutrindo-se nas mesmas labutas, misturando porções de suores.

Ideais seguindo idênticos percursos!

O que me sacia as sedes da alma, são, as argamassas moldando,

Mesmo peso, mesmo equilíbrio, permitindo voos idênticos...

Diferentes destinos, mapeando iguais caminhos de felicidade!

Analogias de mesmas dimensões, bocas bebendo no mesmo poço.

Saciando idênticas sedes,mãos trançando as mesmas rendas,

Dividindo mesmos quinhões, repartindo salários idênticos!

Solidária fraternidade, dividindo os diversos pães...

O que me tira o chão dos pés, é ver seres humanos diversos,

Sonhando idênticos sonhos, nutrindo as mesmas esperanças.

O que me farta a boca, não é o que enche o estômago,

São as mesmas fomes iguais, são pés seguindo mesmas pegadas...

Gados pastando nos mesmos pastos! Olhares repartindo,

Mesmo pôr-do-sol, estrelas cobrindo, iguais multidões.

Homens indo na mesma direção em busca da paz!

Albérico Silva