Guerreiro da ilusão
Eu vim andando.
Lutando.
Guerreando.
As lutas mancharam de sangue
minhas roupas
Estragaram meus sapatos
O caminho parece apenas
sujo e longo.
Minha espada ainda corta
Assim como cortam as palavras malditas
Minha ira ainda destrói
Assim como a fúria que elimina tudo.
Minha armadura enferrujada.
Ainda protege o corpo.
Mas deixa a alma desnuda.
Morrendo de frio.
Vejo tantos corpos.
Vejo tanta dor e agonia.
A cripta acesa aos vencedores
Não serve para iluminar
O breu que a guerra deixou...
Rastros de sangue e de ódio
Empretecem a visão...
E o horizonte fendido
Parece exigir uma decisão.
Ser vencedor ou vencido.
Lutar ou viver em luto.
Seguir à direito ou à esquerda.
Ou simplesmente parar.
Matar ou morrer.
Escolher ou ser escolhido.
É essa a dúvida que tenho.
Quando encaro o destino
Ele com olhos vesgos.
Eu com olhos fundos
Da insônia...
Daqueles que procuram
avidamente a paz...
E ela escapa por entre
os dedos
na ampulheta.
Por entre as nuvens
Por entre as guerras
Que chamam mais guerras
E que só nos permite
a ilusão.
A aberração triunfante
Que por ser sobrevivente
Faz prevalecer a sua
Versão da história...
Estoriando apenas a sua visão.
E nem sempre
a pura e simples verdade.
Assim prossegue o guerreiro
da ilusão.