Pequenino Ser
Indefesa sozinha sem abrigo
Caminhando vais por essa vida
Sem um teto, sem pão, sem um abrigo
Ó Criança! Ingênua e desvalida
Exausta de fome, enfraquecida
Nesse mundo cruel de desventura,
Vais passando assim despercebida,
Pequenino Ser. És criatura...
Olhas e vês, pequenina luxuosa
Criancinha brincando tão feliz,
No jardim dessa vida cor-de-rosa
contemplando pequenos colibris.
De ternura só tens a inocência,
E um meigo olhar empobrecido.
De real só tens a existência
De um aroma quase apodrecido.
Crueldade!...Talvez da natureza,
Ou daqueles, que te negam o pão?
Vais crescendo criança sem beleza
Do inferno da vida sendo cão.
Passa o dia, o sol ardente queima
Tua face de criança enrrugada
E a noite de lua fria e meiga
Vai queimando teu corpo na calçada.
Sobre plumas em berços embalados,
Quantas agora!...Dormindo sorridentes,
Quantas!?...Como tu abandonadas
Sob o véu dessa lua descontentes.
Dá-me tua mão frágil criança,
Não chores, teu mundo é maravilhoso.
És de Deus, ser humilde, a esperança
Desse mundo insano e vergonhoso.