PRECONCEITO
Deve ser defeito da criação
Na pressa algo saiu imperfeito
Ninguém dá jeito, uma solução
No mais terrível preconceito
Não falo do negro nem do nordestino
Do imigrante, da piada de português
Do indigente que vaga sem destino
Do índio que há muito não tem vez
Governantes enchem o país de leis
Fazem cotas a enganar a população
Mas na casa desses falsos reis
É de primeira a saúde e educação
Preconceito maior é a pobreza
Fala alto quem tem mais dinheiro
Quem não tem segue a correnteza
Aceite o destino por verdadeiro
A madame compra roupa e jóia
O patrão desfila de carro chique
Para o peão miserável bóia
No frio se aqueça no alambique
De nada adianta fazer reclamação
Igualdade, qualquer reivindicação
Se reclamar do preço do pão
Pode ouvir até voz de prisão
Do pais a mais pura realidade
Incurável vergonha nacional
E cale a boca, tenha a bondade
Quem mandou você nascer desigual