Os pedintes (5)

Na praça, junto ao hospital,
Encontraram um local
Para que pudessem dormir...
Não ouviam barulhos de carros,
Sem o cheiro de cigarros,
Que incomodava ao Orpheu...
Mas o piscar da luz neon,
Era pior do que o som,
Aos olhos dos dois , irritava.
Muitos outros ali dormiam,
E nem luzes eles viam,
Estavam embriagados...
Buscaram na praça, um canto,
Embrulharam-se no manto,
Fazendo dos sacos travesseiros...
Mas eis que rapazes , em bando,
Obedecendo ao comando,
De um homem de preto, vestido,
Chutaram aos dois com violência,
Repetindo com insistência,
Ofensas e palavrões.
- O que têm contra nós?
- Mendigos, filhos da puta,
Contra vocês é a luta,
Que nós vamos empenhar...
Vocês sujam nossa rua,
Essa  verdade,é nua e crua,
Vocês não merecem viver!
E num chute contundente,
Orpheu perdeu da boca, um dente,
Enquanto Margarida chorava...
Orpheu tentou se levantar,
Mas um pé surgiu no ar,
E ele perdeu a consciência.
Dois homens o levantaram
E no meio da rua o jogaram,
Como se um saco de lixo fosse...
Margarida, assustada,
Levou na cara uma patada,
E foi se juntar a Orpheu...
Mendigos atropelados,
Que morreram abraçados,
Foi o noticiário que deu!