Os pedintes (2)
- Mas afinal quem é você,
Pra quem abro minhas pernas,
Que me diz coisas tão ternas
E que até meu pensamento lê?
- O que mais quer saber de mim,
Sou um velho sem mais nada,
Que da vida, só porrada,
Recebeu até o fim...
- Mas sua fala é diferente,
Não é como a maioria,
Que não tem sabedoria,
E é falsa, rouba e mente...
- Ora deixa, Margarida,
O passado que é só meu,
Já lhe disse, sou o Orpheu,
Não abra mais essa ferida...
- Mas me diga o que fazia,
Só por mera curiosidade...
Não cabe em mim a maldade,
Diga-me por cortesia!
- Fui outrora um professor,
Que ensinava literatura,
Para quem fosse a leitura
Tratada com muito amor.
- Um professor, quem diria,
Eras um homem importante!
Deve ter sido uma amante
Causadora dessa porcaria!
- Ora, minha Margarida,
Não pense mal de ninguém...
O valor da nossa vida,
Não vale mais que um vintém!
Já fui próspero, realmente,
Ao que tinha não dava valor...
Ao título de professor,
Em que era um expoente!
Mas na vida e na ciência,
O que vale, de verdade,
É ter muita simplicidade
E aprender com a experiência!
- Ora, Orpheu, um professor,
Devia ter muito dinheiro,
Ter propriedade, companheiro,
E não precisar se expor...
Meu amigo, pra perder tudo isso,
Deve ter feito muita besteira,
Aí perdeu também a companheira,
Porque sem nada, acabou-se o compromisso!
- Será que o dinheiro é tudo?
Porque você quer a minha companhia,
Se não sou dono de nenhuma porcaria,
Sou um vaso sem conteúdo?
- Ora, não me leve a mal, Orpheu,
Já lhe disse, você tem sabedoria,
Sua palavra é a alegoria
Que enfeita o que é seu...
- Um dia, oh, Margarida,
Hei de lhe contar a estória,
Se não me faltar a memória,
Do que ocorreu na minha vida...
E os dois companheiros cansados,
Deitaram-se, e extenuados,
Finalmente foram dormir...
- Mas afinal quem é você,
Pra quem abro minhas pernas,
Que me diz coisas tão ternas
E que até meu pensamento lê?
- O que mais quer saber de mim,
Sou um velho sem mais nada,
Que da vida, só porrada,
Recebeu até o fim...
- Mas sua fala é diferente,
Não é como a maioria,
Que não tem sabedoria,
E é falsa, rouba e mente...
- Ora deixa, Margarida,
O passado que é só meu,
Já lhe disse, sou o Orpheu,
Não abra mais essa ferida...
- Mas me diga o que fazia,
Só por mera curiosidade...
Não cabe em mim a maldade,
Diga-me por cortesia!
- Fui outrora um professor,
Que ensinava literatura,
Para quem fosse a leitura
Tratada com muito amor.
- Um professor, quem diria,
Eras um homem importante!
Deve ter sido uma amante
Causadora dessa porcaria!
- Ora, minha Margarida,
Não pense mal de ninguém...
O valor da nossa vida,
Não vale mais que um vintém!
Já fui próspero, realmente,
Ao que tinha não dava valor...
Ao título de professor,
Em que era um expoente!
Mas na vida e na ciência,
O que vale, de verdade,
É ter muita simplicidade
E aprender com a experiência!
- Ora, Orpheu, um professor,
Devia ter muito dinheiro,
Ter propriedade, companheiro,
E não precisar se expor...
Meu amigo, pra perder tudo isso,
Deve ter feito muita besteira,
Aí perdeu também a companheira,
Porque sem nada, acabou-se o compromisso!
- Será que o dinheiro é tudo?
Porque você quer a minha companhia,
Se não sou dono de nenhuma porcaria,
Sou um vaso sem conteúdo?
- Ora, não me leve a mal, Orpheu,
Já lhe disse, você tem sabedoria,
Sua palavra é a alegoria
Que enfeita o que é seu...
- Um dia, oh, Margarida,
Hei de lhe contar a estória,
Se não me faltar a memória,
Do que ocorreu na minha vida...
E os dois companheiros cansados,
Deitaram-se, e extenuados,
Finalmente foram dormir...