Marginaalll !!!
Marginaaaaallll !
O grito sai de maneira sensacional
Da alma de nossos paladinos da moral
Esta elite seminal
Responsável pela construção da ideologia nacional
De que o mal com terno e gravata não é tão mal
E isso de Cabral a Lalau
O marginal é o excluído, vencido e paria da sociedade
É aquele que não é aceito pelo sistema
Dos detentores da verdade
Criada a partir das espadas embainhadas
Que banharam de sangue aldeias inteiras
De Tupis, Jês, Tabajaras
Símbolos de um país hediondo
Hoje filhos do abandono
Sem falar de falos ilegítimos
Responsáveis por violarem
Sonhos íntimos
De negros e índios
Mas nosso Pindorama segue indo
Para onde só Deus sabe
O marginal se cansou de apanhar de vagar
Abandonado, sem direito a nenhum legado
Apenas relegado à tristeza, status quo da sua natureza
Achou na draga, no pau, na mão
Uma forma de protestar, ferir
E da alma até sangrar
Talvez seja melhor
Do que parar e pensar
Por que tanto sofrer
Por coisas que culpado nem deve ser ?
Seu foco passa a ser caçar o engravatado abastado
Mas de azarão passa a azarado
Vitimado pela própria condição, pura expiação
De ladrão assalariado passa a ser perseguido
Por grupos de extermínio contratado
Para mostrar quem da história
É o esfacelado
A sociedade inteira aplaude
Mais um mestiço morto
Pelas mãos do engravatado
Este o verdadeiro assassino serial e marginal
Sem identidade, rosto
Representa um caminho perseguido
Pela maioria do povo
Uma ideia não muito nova
Afinal, terno fino, rosto bonito, carro importado
Muita grana no bolso sem trabalho
É eterna moda , ritual sagrado
O povo não se enxerga no marginal, no outro
Não consegue ver o próprio rosto
Seria inadmissível acabar com o belo monstro
Seria como destruir um ideário
Um sonho....... Brasil ???