COMO OS ANIMAIS

Na mesmice dos dias que se seguem,
Mesmo nas noites iguais que os separam,
Assisto a individualidade querendo imperar,
Enquanto a semelhança faz valer o instinto,
Porção maior que nos fazem tão animais.

Mesmo os sentimentos tão diversos,
Que nos diferenciam das tantas espécies,
Mesmo o amor, o pensar, o juízo, afinal,
Aproximam-nos dos seres irracionais,
Eis que o medo tem a mesma intensidade.

As diferenças por vezes são tão tênues,
Noutras representadas por gigantes lacunas,
Se em ambos o instinto dita a sobrevivência;
Os animais buscam apenas a satisfação do viver,
Enquanto nós queremos a infinidade do ter.

A sabedoria aproxima mais e mais,
O homem que pensa, do gato que copula,
A mulher que dá a luz, da fêmea que amamenta;
Todos lutam pela continuidade dos seus,
Mas a ignorância faz valer o sofrer pelo dispensável.