Transfiguração

Masoquismo microcósmico,

mutilação interna,

espasmos lógicos.

Sadismo auto-inflingido

de cores neutras e exaustão;

suspiros incômodos. Transfiguração.

Corrompemos a expressão do tempo

num ímpeto de auto-destruição.

Fragmentamos qualquer verdade.

Não interessa? Querem inércia.

Comodidade para olhos; para mentes.

Contaminação de-mente.

Mas aos poucos, forçados a compreender:

tudo imerso, congelamento de universos sempiternos.

Tudo falsamente compartilhado na superfície

da matéria que pulsa. O medo, um dever.

Abandona-se o primordial com desdém,

mas o deleite do silêncio não suporta ser exalado pela metade!

Grade nas janelas, logo

grade nas portas.

Corpos sem templo

choramingando alento.

Ainda que as percepções se encontrem,

continuam sendo apenas dois fenômenos

perdidos individualmente

em suas próprias imensidões.

(A concepção de muitos seres...)

Tudo está caminhando para o embate.

Dissolução, nunca diluição. Banimento.

Banimento de toques e de olhares;

convite à superficialidade!

Tenho de concordar com a solidão das almas

mas não sem um suspiro triste, veemente.

Será possível afundar no magnetismo escarlate dos lumes?

O vulcanismo das entranhas origina turbilhões sinceramente agridoces...

Afinal, somos pequenos e ridículos,

indiferentes

ou luminosos e vibrantes,

Galeano?

(Jenifer Evelyn)