Entrelinhas
Num curto espaço
Pessoas circulam
Murmurando banalidades
Fartando-se de glória
Ao próprio ego
Risadas ecoam
De sorriso amarelo
Disfarçado
Com um aperto amigo.
Coitados!
Em meio à moedas e joias
Mostram a soma de interesses
Em meio à parcela
De falsidade.
No último andar
Criaturas voláteis, paupérrimas
Imersas à submissão
Conformismo exacerbado
Nas rédeas curtas da contenção
Movem rapidamente os olhos
Carregam o peso
Da humilhação
Ao contar das horas
O ritmo de cada dia
Esvai na batida das engrenagens
Esquecem-se do tempo
Mostram-se ágeis
Dão tudo de si
Com tantos contrastes
Desmotivam seu ser
Mas não querem poder
Buscam sobreviver.
Selva de cédulas
Inevitável prisão
No jogo dos poucos e ruins
A trocos e tostões
E invisíveis grilhões
Vão repassando o que pouco perdura
Na palma das mãos
Enquanto isso, do alto
A vaidade acorda
Intimida os sedentos por tudo
De alma envolta por nada
Movendo-se feito cobras
Amistosas e astutas
Expelem veneno
Sentam-se em cadeiras forradas
Assistem à luta desenfreada
Dos ricos de espírito
Poupando energia
E ouvidos
A tão almejada prosperidade.