MENDICANTE
O homem que mendigava
Tinha uma história linda
Em cada ruga uma amargura
Em cada olhar
A saudade corroída
Quantas vidas nas esquinas
Esquecidas ou destruídas
Por amor ou desilusão
Quem é que aquece
Esse corpo no papelão
Um homem de muitas línguas
De literatura na garganta
Pedia um pingado
Ou uma cerveja, tanto fazia
Pra tua vida vazia
Que se importa com um pedinte
Que não pedia nada
Apenas caminhava sem direção
Esbanjando bondade
Coisa que não se vê mais não
Um andarilho
Que só pedia um prato de comida
Um lugar quente
Pra esperar a morte
Ou qualquer coisa que lhe valia