CENAS DA VIDA

Corre, corre na praça de pessoas ligeiras,

Juntam-se mulambos, pedintes, cheiro de urina

Ruído de apitos, putas, trânsito entupido

Cheiro acre, malandros, gente rasteira

De repente um grito...Pega ladrão !!

No tumulto, uma pobre alma

Cai agarrada, sob socos, chutes

Pontapés, aplausos, iras e palmas

Agarra, espanca, bate, espanca

O furor parece não ter fim

A multidão rodeia e massacra

Um pobre ladrão de amendoim

A policia interveio rápida e feroz

A praça se retrai num urro

O pobre balbucia inocência

Mas é calado por forte murro

A decisão então é bem rápida

A vitima assustada já recua :

Dizendo que roubo mesmo não houve..

O sargento furioso não crê no que ouve

Então ele é inocente? Pergunta incrédulo

Ouve-se burburinho de solidariedade

Vivas, sede insatisfeita de justiça

Olhares raivosos e alguma perplexidade

O pobre diabo por fim é liberado

Recebe uma ordem de cair fora

Olhos no chão, limpa o sangue da boca

Humilhado e perdido, se evapora!

A multidão então acorre e se compraz

Aos poucos a praça retoma ao habitual

Logo se esquecem do farrapo humano

Rapidamente a vida volta ao normal!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 04/04/2007
Reeditado em 17/05/2014
Código do texto: T437480
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.