CENAS DA VIDA
Corre, corre na praça de pessoas ligeiras,
Juntam-se mulambos, pedintes, cheiro de urina
Ruído de apitos, putas, trânsito entupido
Cheiro acre, malandros, gente rasteira
De repente um grito...Pega ladrão !!
No tumulto, uma pobre alma
Cai agarrada, sob socos, chutes
Pontapés, aplausos, iras e palmas
Agarra, espanca, bate, espanca
O furor parece não ter fim
A multidão rodeia e massacra
Um pobre ladrão de amendoim
A policia interveio rápida e feroz
A praça se retrai num urro
O pobre balbucia inocência
Mas é calado por forte murro
A decisão então é bem rápida
A vitima assustada já recua :
Dizendo que roubo mesmo não houve..
O sargento furioso não crê no que ouve
Então ele é inocente? Pergunta incrédulo
Ouve-se burburinho de solidariedade
Vivas, sede insatisfeita de justiça
Olhares raivosos e alguma perplexidade
O pobre diabo por fim é liberado
Recebe uma ordem de cair fora
Olhos no chão, limpa o sangue da boca
Humilhado e perdido, se evapora!
A multidão então acorre e se compraz
Aos poucos a praça retoma ao habitual
Logo se esquecem do farrapo humano
Rapidamente a vida volta ao normal!