ARTISTA DE JORNAL
Silêncio, já é noite,
E a calma ronda por perto,
O orvalho um açoite,
Ao corpo aberto.
No meio-fio um jornal,
Estampando entre manchetes
O retrato de um marginal,
Ou outras em alegria de confetes.
A passos lentos segue ao asfalto,
Vê! Que de repente, gritam!, - é um assalto.
Continua rua adentro, sinal a frente,
Luzindo um vermelho ardente.
Cruza faixa perigosa, embaixo do viaduto,
Salvo conduto dessa madrugada.
E a alma já cansada, a mão rugada,
Implora por uma migalha,
Não tendo, se contenta com uma navalha.
Já é alvorada, em um bar outro bêbado,
Na esquina um mendigo acorda a pontapés,
Estes farão a notícia de amanhã,
Pois a de hoje, por todos os sinais,
Já se encontra selada nos jornais.