Rainha Maldita

No tabuleiro da vida xadrez, vendida em toda "loja de chinês",

peões desimportantes são jogados em covas que rugem,

em revoltas difusas, em mentes obtusas e em carências confusas.

São anjos rebeldes que lutam batalhas e vandalizam Bastilhas

na caça insana pela Rainha, que o DOPS e a "Bancada Ruralista"

chamam de perigosa bandida terrorista.

A nova Maria Antonieta, cuja cabeça haverá de rolar entre brioches,

pauladas, pimentas, palavrões, prisões e deboches.

Será o dia da Guilhotina final. O "Dia do Senhor" e do nobre Senador.

Sangrará porque é gorda, assim dizem. Sangrará porque veste vermelho.

E sangrará para expurgar todos os pecados e resgatar o Mundo Perfeito

que antes havia, mas que numa manhã não explicada deixou de existir como as bem passadas e engomadas verdes oliveiras.

Sangrará porque é a Rainha maldita de uma corte maldita.

Sangrará porque brande impávida uma Lira vulgar

enquanto o fogo consome toda Roma e todo rumo.

Sangrará para que celebrem os áulicos, saudosos e nostálgicos

das botas milicas que com tanto gosto lambiam,

nos porões em que viviam...

E tudo explode em lágrimas de gás lacrimôgenio,

enquanto um poeta alienado canta a sua saudade e dor

pela Musa perdida numa passeata da vida.

Produção de TAÍS ALBUQUERQUE. Vitória, ES. Outono de 2013