Ode aos terminais
I
Essa pressa moderna dos terminais
de rodas sujas e duras de onibus
requerendo dos usuários atenção
em meio as barraquinhas que tudo vendem
Ai número de placas escritas em cima
dos letreiros desses violentos automóveis
se soubesse o segredo de sua numerologia
saberia tudo que haveria de saber na vida
nos terminais há de tudo um pouco
gente sã, semi-loucos, doces, psicotrópicos
ladrões-furtadores de última categoria
únicas mãos não pesadas de chumbo
E tem também os belos pederastas
que compram jornais de poucos centavos
para ver jovens meninas ainda em flor
e desfloridas somente na imaginação
Terminais, amo suas sujeiras centenárias
por onde as bactérias nocivas se reproduzem
e as rodas passam rente: tr-tr-tr-tr
sobrepisando minha alma vazia e perdida
É aqui que se transporta todo o Mundo
para ir ao encontro nde outros mundos
de corporações e suor e trabalho quiça honesto
sou só mais uma peçinha nesse sistema louco!
Tal autossuficiente sistema contemporâneo
tem me ajudado no dia a dia do trabalho
e levado-me para ser escarvo da tinta
que pinta os meus papeis que entrego
Quanta beleza mal vista entre os onibus
residente entre os pobres que ralam muito
para comprar a passagem já tão cara
(os assaltos de cobradores são legais)
II
Olhe o auê que vem no horizonte
rebeliões bem formadas pelo povo
que não aguenta pagar tão caro
por aparentemente tão pouco
que vontade louca essa minha
de participar da aruaça na rua
o quebra-quebra ilegal da plebe
faz ressoar em mim os instintos!
Vamos em frente! Que se quebre as paradas
que se faça dos nossos onibus poeira pura
o fatop que teremos de pagar mais caro
pela depredação que os vandalos fazem
e puramente um detalhismo passadista
Isso! Avante! trak-sh-bat-trek
toquyemos a eterna música das revoltas!
Façamos o governo dançar a nossa pauta
não importa se somos burgueses
e podemos pagar o ônibus todo!