RECADO
Olha aqui senhor banqueiro
de colete e suspensório
que anda ocupado
contando dinheiro
sem se dar ao prazer
de uma pausa onírica
Se quiser lhe empresto um sonho
posso até ceder aquele pedaço
de sonho inacabado
(o meu favorito)
que emerge sempre
ao som de uma canção
tocada ao piano
invariavelmente “Tenderly”
Você pode terminá-lo a seu gosto
não precisa devolver-me
cobro-lhe apenas o compromisso
de não mais sufocar ninguém
pela usura dos juros
E se quiser repartir
os bens que amealhou
com a força e o suor alheios
você pode até sonhar
seus próprios delírios.
Já pensou você sonhando?