UM CELULAR

Ficou o corpo estirado no chão

E na bala a assinatura do remetente

A calçada lavada de sangue bom

E as marcas da fuga do delinquente.

Não há mais como colecionar primaveras

Dentro de toda fera morre uma flor

Acordar deste sonho quem dera?

Visto que a espera foi o inverno da dor.

Estranho o sentido à vida atribuído,

Cedo interrompida por um desejo tão banal.

O valor do que lhe foi subtraído

Reduz a existência à inutilidade afinal.

Onde buscar o incontido alento

Ao coração esfacelado pela atrocidade?

Chora a mãe um triste lamento

Lavam os olhos as lágrimas que desnudam a realidade.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 09/06/2013
Código do texto: T4333411
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