QUASE BRANCO, QUASE PRETO.

Sou também um afrodescendente

A pele branca aparente

Uma alma sem cor reveste.

Retinto meu sangue se africanizou,

Na matriz indígena se retemperou

Numa nova cor que a mesma pele veste.

Na linha do tempo construída

Outra identidade seve surgida

Num emaranhado de culturas.

Ser negro, índio, europeu,

Nenhum destes tipos prevaleceu

Na composição de uma “raça pura”.

Vinca no meu corpo a marca do açoite,

Nos meus ouvidos, o grito lancinante no breu escuro da noite,

Nos meus pés o ritmo febril dos tambores.

Em minhas mãos, a corrente que roubou a liberdade

Na minha boca o leite amargo a garantir a vitalidade

E na senzala dos erros do passado sonho minhas dores.

Desconstruo os estigmas, as imagens,

Que desigualam as diferenças, as roupagens

Com rejeição tão insana.

Toda cor é apenas pigmento

E a pele tão somente um revestimento

De uma única raça humana.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 09/06/2013
Código do texto: T4333407
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