ALTAS HORAS

São altas horas da noite. Na rua o profundo silêncio...
Ouve-se apenas o bater dos corações...
Abafados no peito, tremem...
Medo. Este sossego aumenta o temor.
Agonizam.
Por onde andam os pés que transitam as ruas
todos os dias?
Apressados, contidos, saltitantes, em disparada!...
Onde estão as vozes que pigarreiam
cantam, assobiam, gargalham, gritam, pedem socorro?
Onde  estão os cães que ladram,
correm, avançam, recuam,
observam, rosnam, saltam, atacam?
Onde estão os automóveis, bicicletas, motos
com seus motoristas nervosos,
agitados, apressados, inconseqüentes
que infringem as leis
para chegar a algum mesmo lugar?
Apavoro-me com esta placidez noturna...
Fico tensa e meu corpo enrijece.
A falta de segurança aumenta os meus medos.
Penso...Relembro fatos.
Rememoro pessoas...Atormentadas.
Feridas. Agitadas. Doídas.
Enjauladas como se fosem animais.
Muros altos. Grades. Circuito fechado.
Armas...
Tragédias. Assassinatos. Seqüestros...
Onde vamos parar?
Quem cuidará de nós, pobres criaturas?
Sem rumo...
O certo é...duvidoso.
O duvidoso...elege-se!
Como se fora salvador da Pátria.
Mas, que Pátria? Vilipendiada...
Entregue às baratas.
As baratas sobrevivem a todas as tragédias.
E nós?
Somos como as baratas?
Quem dera!
Morremos...Não resistimos às tragédias.
Dilúvios. Maremotos. Terremootos. 
Tornados. Ciclones...
Ar. Água. Fogo.
São altas horas da noite.
Pela manhã. tudo seguirá igual...

 

 

 

 

Maria Luiza D Errico Nieto
Enviado por Maria Luiza D Errico Nieto em 30/03/2007
Reeditado em 24/07/2023
Código do texto: T430872
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