"Vergonha"
Vergonha de ser
de mostrar a lucidez
enlouquecer...
Desonestamente ... ser
Vergonha que me abraça
pertencer e viver
recolhida no charco
lodo de mim
não me reconhecer
Calar diante do nada
que grita, fala, aturde
chacoalha...
Vergonhoso verme, eu
este que não faz, não anda
caminha junto com o todo ... mudo
Para quê tanto barulho
se este tudo é somente ... EU
centrado sem perder-se
achando-se NÓS ...
Corrompido si, corroído nós
para onde fostes?
O que fizestes de mim?
Perdido?! Não!
Encontrado dentro e calado
envergonhado
pelo preterido instante
de optar por esta insana fusão!
Nada é o que resta,
silêncio é o que brota,
vazio é o que se atesta,
e pende ...
No balanço das horas
e passa ...
O que fica ... única e exclusivamente ...
Vergonha de ser quem sou em ti, povo meu!
- Kátia Golau Cariad -