Olhos tristes

Acorrentados e tristonhos eles vieram

Como pássaros sem canto aprisionados

Sozinhos e tão logo aportaram

Quanta dor e sofrimento alimentavam

Eram seres humanos

E os tornaram menos

Com o sangue construíram ruas e povos

Com a liberdade tirada cegaram seus futuros

Os olhos fizeram muros, tijolos e edifícios

Mas ninguém lhes acalentou os olhos tristes

As lágrimas fecundas fizeram tanto

Menos por si

Cadê o chocalho, a trombeta kakaki e o iorubá festivo

Negro virou canto triste e de desigualdade

Ninguém lhe acarinhou os olhos tristes

Ninguém lhe ensinou o som de, de novo, ter a liberdade

Bujoko África que vive nestes olhos tristes

Abrace a África tão despedaçada

Seus filhos que lhe cantam das favelas, novas senzalas

E que por ela, mãe graúda, dariam a vida

Não deixem cair este povo em solidão

Escravidão extinta dessas vidas!

Tato Silva
Enviado por Tato Silva em 18/05/2013
Reeditado em 18/05/2013
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