Olhos tristes
Acorrentados e tristonhos eles vieram
Como pássaros sem canto aprisionados
Sozinhos e tão logo aportaram
Quanta dor e sofrimento alimentavam
Eram seres humanos
E os tornaram menos
Com o sangue construíram ruas e povos
Com a liberdade tirada cegaram seus futuros
Os olhos fizeram muros, tijolos e edifícios
Mas ninguém lhes acalentou os olhos tristes
As lágrimas fecundas fizeram tanto
Menos por si
Cadê o chocalho, a trombeta kakaki e o iorubá festivo
Negro virou canto triste e de desigualdade
Ninguém lhe acarinhou os olhos tristes
Ninguém lhe ensinou o som de, de novo, ter a liberdade
Bujoko África que vive nestes olhos tristes
Abrace a África tão despedaçada
Seus filhos que lhe cantam das favelas, novas senzalas
E que por ela, mãe graúda, dariam a vida
Não deixem cair este povo em solidão
Escravidão extinta dessas vidas!