O REBANHO

Em marcha lenta vai o gado humano

Só diferentes pelas marcas que carregam

Escondem as patas em calçados caros

Escondem o dorso em peças coloridas.

E caminhando vai-se o rebanho

Seguindo a estrada que o dono escolheu

Pensando em tudo sem saber de nada

Uns gado lêem, outros escrevem, esse sou eu.

Dizendo sim mesmo pronunciando não

A negação já era algo previsto

E necessária toda a falsa sensação

De que o gado exerce o seu livre arbítrio.

As propagandas estão nos muros e nos postes

Estão nos outdoor's, nas bancas de revista

Um gado inglês, saindo em férias do estrangeiro

Veio ao meu pasto, e eu o chamo de turista.

Comemos grama, lixo e tudo que nos derem

Nem sei se já provei comida de verdade

Concreto e ferro onde os meus olhos vão

Fumaça! Esse é o cheiro da cidade!

Olho pro céu, nem vejo mais a lua

Não vejo o sol, talvez nem veja as nuvens

A ilusão diante dos meus olhos

E a boiada segue pelas ruas.

No fim do dia, o pastor generoso

Leva de volta o gado e lhe dá alimento

E o rebanho da cidade inteira

Descansa agora no seu curral de cimento...

Weverthon Siqueira
Enviado por Weverthon Siqueira em 04/05/2013
Reeditado em 07/11/2021
Código do texto: T4273653
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