Conflitos existenciais de um psiquismo desestruturado no mundo pós-moderno

Meus pais morrem na guerra

Eu me criei sozinho

Meus olhos nunca mais brilharam

Em minha mente àquele sonho

De Ser o que desejei e mudar

Chances, discursos, situações

Mas meus olhos nunca mais brilharam

Eu segui sozinho – o destino.

Sempre caminhando, sonhando, imaginando

Que tudo isso fosse um grande absurdo

Sinto que serei o Deus dos mortos

Ainda que meus valores sejam outros

Não posso varrer seus pecados

Édipo não matou seu pai.

Resgata-me do pesadelo da existência

Cria em mim um novo ser, ignorante

O balsamo da paixão é apenas um véu

Que cobre o corpo dos casais felizes

Felicidade é um conceito distante

Embora deva existir dentro de cada um

Jocasta não amou Édipo.

Admiro o jardim da casa dos teus pais

Derrubo meu corpo exausto na grama

Enquanto o sereno toca levemente meu rosto

Acho que agora sou uma criança – em paz.

Finalmente estou bem acordado para ver

Nos olhos do destino existe um Deus solitário

Abstraindo a essência mágica da dor

Abstraindo o olhar sem vida, as mágoas

Abstraindo os corpos cansados, as lágrimas

Abstraindo a própria razão, tão estúpida, às vezes.

O Rei está vivo. Ele olha atentamente as ruínas

Desfaz-se da obrigação de ser rei

Cria um novo reinado, mais justo,

Distribui o pão entre os famintos (sente-se bem),

Deixa de lado as fantasias, o comodismo,

Beija os pés do sujeito leproso e parte

Sem levar nada além de um coração valente.

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 01/05/2013
Reeditado em 01/05/2013
Código do texto: T4268144
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