PANIS ET CIRCENSE

Nem imaginava a força da palavra

através do sentimento alheio e do próprio.

Comia e dormia,

era como o "panis et circense"...

Vivia nas sombras e de migalhas,

migalhas como aquelas jogadas aos pombos nas praças.

Era um morto vivo antigo...

Talvez contemporâneo,

Mas jovial na sua ansiedade que pediram pra

guardar na gaveta...

Não!

Esse dito é pouco.

Sim! ...

Tinha que ser trancafiada num

baú faraônico de cedro do Líbano,

guardada a sete chaves

e com um guerreiro Inca como guardião,

sentado ou deitado zumbi neste baú.

Século vinte um, brigas religiosas desnecessárias,

castração cultural indígenas,

políticas escabrosas e do seu próprio eu-interior.

Há “milênios” Mustafá come, bebe e dorme,

sai do seu casulo quando se inebria:

Sociologia, Filosofia, Cientologia...

Da simples poesia indireta ou tapa na face,

a poesia do desposo dos sentimentos

tão naturais de um ser,

de querer ser e permanecer.

Vivo morto!...

Trezentos e sessenta e quatro dias de finados,

um dia vivo e de gloria...

Roubam lhe a vida, a música ilusionária,

o chapéu coroa d'ouro,

as posses que lhe pertence por merecimento...

Até o alento de ser feliz aqui e ali.

Porém vive e sonha,

afinal ninguém lhe pode apropriar se do seu sonho...

Enquanto se é um morto vivo.