Dependência

Abro nesta manhã de livros lidos

A alma fechada,

No abandono algemado ao passado...

Os confins da dor e da margem do tempo

Inscritos em mim,

Refém da maldição do poder do pó sem alma,

Sem piedade,

Insensível ao sofrimento da dependência,

Reescrevem-se nesta hora em que me estendes a mão...

Eis-me aqui!

Eu sou aquele que restou!

Eu sou outro que quero!

Na minha história tecida de mal e dor,

Mentira e submissão,

Anota com as tuas mãos de seda

A minha loucura...

E , neste compêndio, inscreve a tua paz!

Liberta-me o grito da garganta,

Deixa-me voltar a ser eu no teu abraço,

Traça-me trilhos nos fracassos,

Faz-me estrada alcantilada!

Faz-te eco da minha vontade!

Passeia os lábios na minha inconstância...

Deixa-me sorrir-te as minhas entrelinhas...

Redesenha-me!

Ensina-me a soletrar vida e luz,

Paz...

Redime-me!

Chegou a hora!

Naquela espiral de água azul,

Naquele céu límpido

Tenho urgência de vida,

Carinho...

Toca-me as mãos e passa-me a tua força...

Afunda-te nos meus olhos e lê-me...

Até às profundezas da minha angústia!

Estou aqui,

De alma nua,

Vem vestir-me de cores de luz!

Vem possuir-me a dor

Vem,

Como vento norte,

Varrer a minha angústia!

Vem, meu porto de abrigo!

goretidias
Enviado por goretidias em 25/03/2007
Código do texto: T425390