A CULPA

Coabitavam naquele espaço apertado

Onde o esgoto descoberto exalava odores

Odores fétidos que adentravam no barraco,

Piorando ainda mais aquela situação.

Miséria, fome, vida sem sentido...

Longe da sua terra, somente as lembranças,

Vidas secas, mas tinha esperança,

E agora o que resta... só o desalento.

Filhos famintos, mulher chorando aflita,

Procura emprego, mas já tem quarenta

Quarenta anos... mas ainda é jovem!

Mas, para a sociedade as barreiras existem.

Queria retornar para o seu sertão

Que mesmo nas agruras ainda era feliz,

Pois tinha esperança da chuva aparecer

E ver cobrir de verde a terra outra vez

Jogando a semente o milho aparecer,

E assim seus filhos teriam o que comer,

E a pobre da Maria de novo sorrir

Ao ver brotar a água e o açude encher.

Mas como retomar o caminho de volta

Sem trabalho... sem dinheiro...

Sente a culpa atormentar

Por sair de sua terra...

Aventurando o futuro,

Sem ter um emprego seguro

Pra cuidar de sua família.

E agora amargurado...

Sente a dor e a saudade

Do seu pedaço de chão,

No longínquo e seco sertão.

There Válio – 20-04-13