"Desconstrução"
Os olhos que me olham é um decompor
triturando na milésima parte o que não sou
mas em si tritura-se, decompõe-se as partes
porém a parte, aparta, ficando o observador
Como se este não fosse a própria decomposição
desconstruída, sem a referência óbvia e devida
louco não? Sim, loucura que se faz sem ver
E quem lê não se vê nem mesmo quando se escreve
escrita bendita mascarando a desdita
ali decomposta nas entrelinhas desejante de ser vista
loucura de não saber e nem querer crer
que o óbvio nunca foi dito porque dele nada se tem
pois, nada é ... nada, vazio, oco, vácuo de si
angustiante e medonho de se tocar
desejoso por saber que das trevas só se vê as sombras
e se elas posso ver é porque luz .. adiante ... há!
Conclusão nada conclusiva
afinal o que de óbvio há nisso se tudo fora aprendido
em conceitos oriundos de um saber obscuro
repetidos por versos já decompostos em partes?
Linguagem mal ou bendita da essência
só se vê o que se quer, querendo que haja resposta
para a pergunta que nunca se fez
no vazio eterno deste que consideramos um viver lógico e racional
mas mudo e emocional se faz na esfera do "ser"
- Kátia Golau Cariad -