MODERNÍSSIMOS TEMPOS
Vivemos os tresloucados "anos 2000",
Em que tudo tem que ser imediato,
Em que o individualismo é mais que um fato,
E ficou fora de moda ser cortês ou gentil.
Todo mundo vive correndo desesperado,
O estresse grassa por toda parte,
A falta de tempo é mais que um disparate,
E o homem se vê perdido e encurralado.
Não se tem tempo para pequenos gestos,
Como brincar com as crianças, admirar o jardim,
Ouvir uma bela música, ler um livro até o fim,
E a vida hoje se materializa em restos.
Fragmentos de amor, de amizade, de sexo,
Relações superficiais, vazias, coloquiais,
Por certo ainda somos uns animais,
Com ínfima razão, autômatos, sem nexo.
Quase mais nada nos choca, nem os telejornais,
Com suas tragédias crescentes e crimes absurdos,
Ficamos anestesiados, mudos e surdos,
Para as catástrofes humanas, que parecem normais.
A maioria só almeja bens materiais e ascensão,
E faz qualquer coisa para alcançar seu objetivo,
São indiferentes aos outros, só veem seus umbigos,
E assim a solidariedade humana entra em prostração.
Quem ainda possui um pouco de sensibilidade,
Observa a derrocada rápida dos valores humanos,
Vê-se impotente, inerte, imerso em desenganos,
Só balança a cabeça, resignado, com tantas atrocidades.