Ando, olho e ouço
Ando, olho e ouço
Parado não ando olho e ouço
Andando não paro e ouço
Ouvindo não olho e não ouço
Um pobre
Andando só vejo e não ouço
No chamado da clemência, abstraio
Ouvindo não olho, tenho medo
Da dor
Olhando o olhar do outro me cega
A dor da vida impossível aflora
O coração fica parado, mudo
Eu resisto
Eu ando olho e escuto o clamor
Da rua crua, dos meninos soltos, crueldade
Olho, choro e não me entendo, porque?
Burguês, paralítico, cego e surdo
Acorda!!!!!