ORFÃ

Loucura que me vem em asas negras

Negras das alvas da lua

Qual foi a sorte tua?

Punhal de amargura que sangra,

Sangras o calor, alivias a dor.

A noite vem, sem pressa passa

Lá no jardim da praça

A inocência da raça

Languidas formas de menina

Pequena sorte indesejada.

Oh, tarde ensolarada, porque fui te descobrir?!

Achei, achei, achei...

Não vi o que fazia!

Cariranha, jaburu, cururu, urutu

Tudo com u, u de céu...

Foi assim que a louca me disse.

Mas depois de tudo que ela não disse,

continuou calada

Lá na esquina encostada no poste,

No meio do matagal da esquina.

Ninguém esperava que ela fosse falar alguma coisa!

Mesmo assim eu sabia,

Tinha certeza, ela não falaria.

Fui embora assim que terminou de não dizer, nada.

Não falar é não existir.