HONRA AO MÉRITO
OH!, arrojados heróis de outrora,
Mártires, impávidos, antigos colossos,
O sangue escorrido dos seus pescoços,
Não jorra tanto como os de agora.
A corda, a faca, o tiro certeiro,
Que lhes tiraram a vida tão digna e tão nobre,
São os mesmos que tiram do homem pobre,
Sua débil vida, seus escasso dinheiro.
Heróis atuais do cotidiano urbano,
Salário mínimo, família imensa,
Em meio ao fragor dessa vida intensa,
Lutam com a coragem de um soldado romano.
Enfrentando a labuta, ônibus lotados,
Atropelamentos, andaimes, desemprego, pivetes,
Exploração, fome, doenças, cacetetes,
Os Tiradentes de hoje vão sendo dizimados.
E por recompensa lhes fica o esquecimento,
Um buraco no chão, sete palmos de terra,
E uma tosca cruz, com um número, encerra,
A glória maior, o descomunal monumento.
Feita em 06.08.81