No trem
Na tormenta, os corpos se mexem ao balanço
O relógio passa tiquetaqueando.
Nessa pressa, somos presas.
Somos a luta, e o suor.
Somos dor e indignação silenciosa.
Na tormenta, aumenta a descrença
Ainda que aumente por hora a fé
Apertados, corpo e coração
Reprimidos no aperto do vagão.
Pisoteados na ilusão de que alguém se importa.
Nosso voto é nosso veto
Enfileirados na mesma direção
Somos boi, e estouro da boiada
Somos gente, e também somos nada
Não há esperança nos olhos da menina
Somos a vida que cessa e inicia na rotina
Somos oração , e que horas são?
Seguimos entre os vão do trilho
Procurando abrigo na esperança da emancipação. "
7h22 - Estação Capuava.