No trem

Na tormenta, os corpos se mexem ao balanço

O relógio passa tiquetaqueando.

Nessa pressa, somos presas.

Somos a luta, e o suor.

Somos dor e indignação silenciosa.

Na tormenta, aumenta a descrença

Ainda que aumente por hora a fé

Apertados, corpo e coração

Reprimidos no aperto do vagão.

Pisoteados na ilusão de que alguém se importa.

Nosso voto é nosso veto

Enfileirados na mesma direção

Somos boi, e estouro da boiada

Somos gente, e também somos nada

Não há esperança nos olhos da menina

Somos a vida que cessa e inicia na rotina

Somos oração , e que horas são?

Seguimos entre os vão do trilho

Procurando abrigo na esperança da emancipação. "

7h22 - Estação Capuava.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 27/03/2013
Código do texto: T4209830
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