Mordaças
Vejo-me perdida, em meio ao mar da hipocrisia
Eu remo contra a maré que nunca muda de direção
Eu remo sem saber onde vou chegar ou se vou chegar...
Eu remo porque não hei de concordar...
Eu remo porque não canso de remar...
Procuro aquilo que não sei se vou encontrar
Procuro o oculto que é presente em mim
Não faço questão de expô-lo...
Não perante aqueles que não seriam capazes de compreender
Não perante a ignorância que impera...
Eles se escondem por detrás de suas máscaras...
Eles bailam ao som de toda a falsidade
Eles querem corromper os que não dançam
Eles não se cansam de dançar...
Eu busco aqueles que queiram comigo remar
Eu procuro os que são cegos em meio aos sabedores
Eu procuro os mal-feitores apontados por mal-feitores
Eu procuro os que são sujos em meio aos puros na escravidão
Choro lágrimas de sangue para irrigar toda essa prisão
Sinto perto o fim de tudo e o começo de nada
Liberto-me de suas garras pesadas
Sinto-me livre para ser livre da minha própria liberdade
E vejo à frente a hora da partida...
Partirei para o lugar onde poderei ser eu
E ainda que me canse de remar contra a maré
Mesmo que eu precise me deixar levar pela correnteza
Aportarei onde possa me desamarrar das mordaças que me impedem de dizer a verdade
Serei eu, tão somente eu, em pureza e loucura, em gozo e plenitude...
(21/04/2010)