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Poema Para os Filhos... Do Crack...



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Filhos do crack...

Tão pequeninos...
De saúde frágil,
olhinhos desconfiados,

muito carentes...
Já nascem rotulados
carregam estigma...
São vistos como
"diferentes."

Filhos do crack...

Das mães afastados,
No seio materno
não são alimentados,
direito sagrado,
deles foi tirado.

Filhos do crack...

Dos pais renegados,
De pais viciados,
Homens e mulheres dependentes,
Doentes, carentes em uma
sociedade também "doente"
e, por vezes excludente.


Filhos do crack...

Esses anjos merecem
sair do escuro,
viver junto à luz
em lugar seguro,
longe do perigo
desse mundo obscuro!



Isis Dumont

 



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"Sabemos que é cansativo e às vezes, chato, lermos textos extensos como este, no entanto, eu quis partilhar com vocês, por achar importante o tema, apesar de constrangedor. Falar de recém nascidos filhos de pais e mães viciados em crack, nos faz sentir uma certa angústia,  e essa angústia se torna muito maior quando vemos de perto essa triste e dolorosa realidade. Escrevo sobre isso, com uma grande tristeza. E mais, por ser uma pessoa sensível, quando lá estive, senti uma dor bastante grande e uma vontade enorme de ajudar, de pôr cada um/a no colo, afagar, beijar e cuidar, principalmente bem longe de suas raízes e bem distante do mal. Foi essa a sensação que tive quando vi aqueles bebezinhos no abrigo onde visitei. Me senti mãe de todos eles, e tive vontade de adotá-los. Se pudesse faria qualquer coisa para contribuir com um futuro melhor, que em nada se assemelhasse ao passado e presente que seus pais tiveram e ainda tem! Lá, naquele abrigo (no Rio) não segurei minhas lágrimas nem tinha vontade de sair de perto do berçário. Depois que conheci essa situação, fico a imaginar como será o amanhã desses "órfãos" do crack, principalmente aqueles que não forem adotados por uma família que lhes dê amor e proteção. Alguns esperam que as mães se recuperem para pegá-los de volta, outros aguardam pessoas interessadas para adotá-los."


Isis Dumont



 
 
Pequenos, de saúde frágil, desconfiados e carentes. Assim são os filhos do crack, nascidos de uma geração assolada por uma droga que corrói o usuário.
Até quem lida com o problema no dia-a-dia sabe que o número é impressionante. São crianças que dificilmente ficam com a mãe ou com familiares. Na maior parte dos casos são levados pelo Conselho Tutelar ou pela Justiça para abrigos. Isso quando não são abandonadas ao nascer.

A partir daí, viram órfãos do crack.

Nesse abandono, tão dolorosas como as sequelas físicas são as consequências emocionais. Talvez seja impossível para o adulto imaginar a dor de uma criança que, de um dia para o outro, se vê sozinha, num lugar estranho, com pessoas desconhecidas. Sem a mãe ou qualquer referência. Essa situação muitas vezes se reflete no comportamento da criança ou em sintomas como a depressão infantil.

Nas creches também aumentam consideravelmente o número de alunos criados pelos avós, tios ou outras pessoas, pois os pais dependentes não têm condições de criá-los. E as crianças que estão na companhia dos genitores sofrem significativamente com a negligência a que são submetidos.

A preocupação com filhos de dependentes químicos vem notoriamente ocupando maior atenção nas áreas de saúde e educação. Investir nessa população significa trabalhar com a prevenção seletiva, por ser dirigida a um determinado grupo de risco. Os grupos de alto risco são identificados pela presença de fatores de risco ambientais, biológicos, sociais e psicológicos que tornam os indivíduos daquele grupo mais suscetíveis ao uso nocivo de substâncias psicoativas. Os subgrupos alvos devem ser definidos pela idade, gênero, etnia, história familiar, lugar de residência (onde o uso de drogas é alto ou a renda per capita é baixa), vitimização física e abuso sexual. A prevenção procura reduzir a demanda ampliando os fatores de proteção e reduzindo os de risco associados ao uso nocivo de substâncias químicas (Herrel e Herrel, 1985).

Um grande número de estudos já demonstrou o impacto negativo que pais usuários de drogas causam em seus filhos. Este impacto pode ser sentido em diversas áreas do desenvolvimento das crianças e algumas das explicações para isto são:

1. Efeitos do uso de substâncias no feto em formação
2. Efeito do uso de substância no comportamento dos pais e conseqüentemente nas atitudes dos filhos
3. Efeitos do uso de substâncias na situação sócio-econômica familiar
4. Efeito do uso de drogas por parte dos pais e envolvimento criminal como modelo comportamental principal

O fato dos pais estarem sob a influência de drogas pode afetar a sensibilidade e responsividade dos adultos às demandas emocionais de seus filhos. Quando há um uso “pesado” de drogas por parte das mães, verificou-se que estas ficam bem menos dispostas a brincar ou estimular seus filhos em decorrência de uma constante instabilidade emocional.

Crescer em uma família que possui um dependente químico é sempre um desafio, principalmente quando falamos do contato direto de crianças e adolescentes com essa realidade. Esse desafio pode atuar desenvolvendo competências para lidar com situações estressantes e soluções de problemas, bem como desestruturar o desenvolvimento saudável de uma criança ou adolescente.

Filhos de dependentes químicos apresentam risco aumentado para transtornos psiquiátricos, desenvolvimento de problemas físico-emocionais e dificuldades escolares. Dentre os transtornos psiquiátricos, apresentam um risco aumentado para o consumo de substâncias psicoativas, quando comparados com filhos de não-dependentes químicos, sendo que filhos de alcoolistas têm um risco aumentado em quatro vezes para o desenvolvimento do alcoolismo (West, 1987; Merikangas et al., 1985; Cotton, 1979).

No entanto, também é um grupo com maior chance para o desenvolvimento de depressão, ansiedade, transtorno de conduta e fobia social (Christensen e Bilenberg, 2000; Hill et al.,1999; Kuperman et al., 1999; Furtado, 2002).
Fatores como falta de disciplina, falta de intimidade no relacionamento dos pais e filhos e baixa expectativa dos pais em relação à educação e aspirações dos filhos também contribuem para o desenvolvimento de problemas emocionais, bem como o consumo de substâncias psicoativas.

Estudos sobre violência familiar retratam altas taxas de consumo de álcool e drogas, sendo que filhos geralmente são as testemunhas da violência entre o casal e família, e por vezes alvo de abusos físicos e sexuais. Esta população também está mais freqüentemente envolvida com a polícia e com problemas legais quando comparados com filhos com ausência de pais dependentes químicos.

No que tange as dificuldades escolares, filhos de dependentes de álcool apresentam menores escores em testes que medem a cognição e habilidades verbais uma vez que a sua capacidade de expressão geralmente é prejudicada, o que pode dificultar a performance escolar, em testes de inteligência, empobrecimento nos relacionamentos e desenvolvimento de problemas comportamentais. Este empobrecimento cognitivo em geral se dá pela falta de estimulação no lar, gerando dificuldades em conceitos abstratos, exigindo que estas crianças tenham explicações concretas e instruções específicas para acompanhar o andamento da sala de aula.

Um grupo de pesquisa no Reino Unido desenvolveu sugestões para proteger estas crianças dos aspectos negativos do abuso de seus pais dessas substâncias.
O estudo, publicado na revista Advances in Psychiatric Treatment, destaca entre essas sugestões fatores e processos que tornam as crianças mais resistentes aos impactos negativos do uso de drogas pelos pais ou abuso do álcool. Estes incluem a melhoria das técnicas , ajudando a criança desenvolver-se e aprender a partir de situações negativas e apesar delas, ensiná-las a apoiar-se na escola, família e outras redes, desenvolvendo o que chamamos de resiliência.

Resiliência é a capacidade humana para enfrentar, vencer e ser fortalecido pelas adversidades da vida. . Todo mundo enfrenta as adversidades, ninguém está isento delas.
Resiliência é um processo ao invés de uma característica estática, e é possível, sobretudo para os jovens, desenvolver uma maior resistência a situações negativas”, afirmou Lorna Templeton, pesquisador sênior no Centro de Saúde Mental Unidade de I & D da Universidade de Bath “Na prática, isso significa trabalhar com os membros da família que podem ajudar a cuidar das crianças, ensinar a criança como evitar problemas, ajudando-os a superar as situações negativas, assim como abraçar os aspectos positivos de sua vida, assim como procurar outras influências de estabilização dessas condições positivas. “Dar às crianças a sensação de que têm escolhas, podem controlar suas vidas e optar por um caminho diferente .”

O que dizer as crianças quando um ou ambos os pais alcoólatras são Viciados ou alcoolatras?
-As Crianças precisam saber que seus pais nao são pessoas “más”. São pessoas doentes. Quando estão bebados ou drogadas, por vezes, os pais podem fazer coisas que fazer são más ou coisas que não fazem sentido .
-As Crianças devem entender que nao são a razão para um pai beber ou usar drogas . Eles não causam a dependência de seus pais e não conseguem detê-los.
-Precisam perceber que sua situação não é única e que nao estão sozinhos. Milhões de pais de crianças são viciados em drogas ou são alcoólatras . Eles precisam saber que, mesmo em sua própria escola, existem outras crianças na mesma situação.

-As crianças precisam saber que nao há problema em falar sobre o assunto, ficarem constragidos ou sentirem medo. Eles não têm mais que mentir, ocultar e manter segredos.
-Eles devem ser encorajados a encontrar alguém que confia – um professor, conselheiro, pai adotivo, ou membros de um grupo de apoio.
-Ensine as crianças um vocabulário resiliente, EU TENHO, EU POSSO, EU CONSIGO.
- Mostre o que possuem de bom e ensinem de acordo com a idade, coisas que podem fazer sozinhos para que se tornem mais independentes.
-Apresentem situações de adversidade, perguntem o que poderiam fazer e forneçam altenativas para superá-las.

Voce pode ajudar !!
As pesquisas mostram que muitas crianças com pais usuários de drogas ou álcool-dependentes podem se beneficiar enormemente com os esforços de um adulto para ajudar e encorajá-los.
Na verdade, as crianças que lidaram mais eficazmente com o trauma de ter crescido em famílias afetadas pelo alcoolismo ou dependência de drogas, muitas delas, atribuem o sentimento de seu bem-estar ao apoio de um dos pais não-alcoólicas, padrasto ou madrasta, avô, professor ou outra pessoa significativa adulto em suas vidas.

Profissionais de saúde, professores, assistentes sociais, treinadores esportivos e comunidades religiosas ou de espiritualidade são alguns dos adultos que regularmente entram em contato com crianças. Como confiáveis ​​e respeitadas figuras em suas vidas, eles estão em uma posição única, para apoiar crianças que vivem em famílias de usuários de drogas, álcool -dependente.
Sobre o Autor Psicóloga, formada Pela Universidade Estadual Paulista de Bauru e Especialista em Psicologia do Desenvolvimento e Processos de Ensino-Aprendizagem pela mesma instiuição. Professora de Ensino Infantil e de Ensino Especial na Prefeitura Municipal de Bauru.
Construir e incluir



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Aparecida Ramos e Da: Internet
Enviado por Aparecida Ramos em 15/03/2013
Reeditado em 15/03/2013
Código do texto: T4190029
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