Nesses dias...
Ela está sem pele
Está em carne viva
Expondo seus nervos
Às fatais investidas
Tramam suas dores
Dão-lhe sobrevida
Tornam-lhe com horrores,
Sua vida ensandecida
Uma nação...
Eternamente subdesenvolvida
E cada passo é em falso
Em cada esquina
Uma pergunta me intima
Se continuo circulando no pedaço
Ou mesmo se eu tenho algum poder
Apenas por que acho
Que tenho o direito de não querer
Sujar as minhas mãos
Só espreitando a minha segurança
E a dos irmãos
Se não estou sujando a água
Que eu mesmo vou beber
Se o meu carro é um dos que
Já me faz morrer
Morrer num assalto
Por poluição do ar
Viver com medo
De quando o meu dia chegar
Como o dia de todos
Que compactuem ou não
Na roleta russa desse mundo cão
A bola de neve está rolando
Derretendo, machucando, inundando
Todo dia um pouco mais
E o tempo afunilando
Comprimindo, mutilando
O processo de vida, os pedidos de paz.