PENÚRIA

Moço, eu não sou bicho,

Mas, vivo do lixo,

Explorando o nicho,

Da tal reciclagem.

Separando materiais,

Vidros, plásticos, metais,

Trabalhando por demais,

Com toda essa coragem.

Meu ganho é muito pouco,

E eu fico quase louco,

Gritando, já bem rouco,

Sob um sol a pino.

Respiro gases tóxicos,

Fedores, agrotóxicos,

Num ambiente caótico,

De lama, odores e desatino.

E o tempo vai passando,

Eu vou me definhando,

A morte se aproximando,

Da minha carcaça.

Os urubus me rodeando,

Sobre minha cabeça, circulando,

Para esquecer, só me afogando,

Nessa garrafa de cachaça.

GESSIMAR GOMES
Enviado por GESSIMAR GOMES em 05/03/2013
Código do texto: T4173441
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