A MENTE DO CRACK
A MENTE DO CRACK
Eu acordo e me envergonho de me encarar no espelho sem real valor
Meus trajes meus andrajos minha barba tão imberbe são o cerne do meu ser
Procuro em meus bolsos e consigo encontrar apenasmente umas moedas jogadas por alguém que passou velozmente
Num sinal aberto ali na Central onde tudo acontece por sinal
eu não tenho paradeiro e penso em me atirar do meio-fio
Mas consigo segurar aquele impulso olho meu pulso que não para de pulsar
Itaguaí vai ter submarino no fundo do mar
Os aviões são aves de rapina
Chamam meu nome como a buzinar
Urino tintas tantas que me pintam de um cheiro que não sai
Por onde vou também tem gente que não sai de minha frente olhando como quem olha um animal
Minha mente voa com o cachimbo em minha boca isso é miséria total
Mas a miséria extrema que é um extremo está cotada pela dama de ferro a setenta
Ouvindo aquela num rádio a cem por hora
Alguém consegue entender o que escrevo
Mas o que eu digo no fundo não tem nenhum sentido
É como o mundo, os centros de poder cheios de mocinhos e bandidos
ainda bem que vivemos uma democracia, onde podemos ablar sem nos calar
E aguardar a hora da partida
Sem se afobar
Mas que País é este por favor me digam
É índia, haiti ou Cuba
Vamos sentar num bar e jogar conversa ao vento
Dormir ao relento como dormem os cracudos
Que são um prato cheio para o social
ponto final e tchau
Percebo que os carros torcem para que eu vire asfalto
de sobressalto dou um salto largo de joão
me xingam pregam numa cruz no meio da estrada sem solução
Mas noto que alguém ilhou meu intelecto
rodando em círculos que não sai daqui
entro numa feira e me espeto todo com a casca de um abacaxi
melhor seria comer sabão e soltar bolinhas flutuantes pelo ar
melhor dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir
e torcer para não acordar