Eu

Eu,

sou mulher,

sou negra,

sou do candomblé,

trago na pele as rejeições de uma sociedade doente,

que insiste em afirmar que nós negros não somos gente,

trago na alma as dores sentidas pelos meus ancestrais,

aqueles que foram sequestrados de suas terras, para servirem

como escravos aos senhores que se sentiam os maiorais.

Eu,

sou mulher,

sou negra,

sou do candomblé,

tenho todos os "defeitos" que a sociedade condena

muitas pessoas me olham com o olhar de pena

Mas, não quero a piedade de ninguém

meus ancestrais lutaram pela liberdade

e conseguiram-na com luta e sangue

sem depender da piedade de alguém.

Eu,

sou mulher,

sou negra,

sou do candomblé,

tenho o cabelo crespo que é taxado como ruim

muitos gostam e fazem questão de chamá-lo de pixaim

mas este pixaim traz o axé de todo meu povo negro.

que deixou marcas profundas em mim

Eu,

sou mulher,

sou negra,

sou do candomblé,

trago em minha companhia a doçura e os mistérios de mãe Òsún

e o desejo de luta, de batalha do meu pai Ògún.

trago nas minhas veias o sangue daqueles que lutaram por liberdade.

independente da tonalidade da minha pele, não sou morena

Sou negra na pele, na alma e no coração

sou negra, essa é que é a verdade!

Pollyana Almie
Enviado por Pollyana Almie em 27/02/2013
Código do texto: T4162605
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