vós sois mais forte

Todos os dias acorde

Com fé em você e não na sorte

Todos os dias me prove

E aprove a si mesmo o que fez

Todos os dias acorde

Lembre-se que depois da vida é a morte

Não se conforme não

Não se contente com trigo

Muito mais que um abrigo

Uma família e um cão

Por muito o tempo o chicote

Fez chorar o forte

Hoje mesmo sem o tronco

Ainda tem escravidão

Em meio a tanta pedra

Oh selva de pedra

Concretizou os humanos

E por um engano

Ninguém se fala mais não

Uma briga de classes

E o lado mais forte

Acelera o Porsche

Foge do sermão

Nunca existiu democracia

Pois alguém já dizia

Aquele que tem, quer direitos.

E o pobre sujeito

Só tem deveres

Então?

O vida sofrida, sarjeta doida

A maior dor dessa vida.

É ver o filho chorar por um pão

É ter só um ovo pra cinco

Fritar com óleo do lixo

Sem sal, é a lagrima.

Que salga o “zóião”

Mesmo com toda essa dor

Esse ódio e rancor

Não me fere mais não

Já sou caboclo crescido

Com o peito doido

E sem coração

Minhas mãos calejadas

Pelo cabo da inchada

Nunca me impediram

De fazer carinho em meus filhos não

Mesmo com todo pavor

De pensar no passado

Hoje aqui no banquinho sentado

Tenho orgulho por nunca ter me entregado não

Por isso eu peço a você

Que sempre quando acorde

Não confie na sorte

Tenha fé em você

E se preciso for

Apanhar e bater

Se tiver que sofrer

Que sofra

Mas nunca sofra em vão

Faça por você e por seus filhos

Zele pelo seu abrigo

Mas fuja do labirinto

Que os homens de terno

Querem pra você meu irmão

Mostre que vós sois mais forte

E que o sangue do corte

É o ódio mostrando o perdão.