Asas cortadas
Meninos, meninas, crianças do Brasil.
Maltratados e humilhados pela pátria que o pariu
Jogados no lixo, seu teto é o céu.
A lua é de queijo igual a sua vida é de mel
Amarga diariamente o gosto do fel
Aprendendo desde cedo a viver como rel.
Julgados pela sorte
Driblando a própria morte
Cresce sem suporte, ai trabalham na curva.
Crescendo igual planta, com água da chuva.
Apodrecem igual pera, na rua da feira.
Da cidade do descaso, do atraso e das "funkeiras”.
O meu cartão postal, não tem cristo e nem cachoeira.
O nosso cartão postal, tem fome, miséria e "biqueiras”.
Pequenas e meras meninas
Antes mesmo da puberdade
Buscando por liberdade
Vendem o próprio corpo
Vomitando diariamente contra tudo e contra todos
Anjos criam chifres, e descem pelo esgoto.
Encurralados pelo sistema
Sem um pingo de pena
Desenvolvem a revolta e viram estrelas no Date na