Quando chegar o fim

Idas e vindas

luta todo o dia,,

o final cotidiano,

o ideal que se esvai.

Porque tanta determinação?

para que suar em demasia?

vejo o homem esgotado,

vi quando ele caiu,

levantou torturado,

frustrado,

sem expressão.

Não reclama,

não agride,

espera, carente,

vive do coração,

mas a razão o consome,

não sabe calcular.

Somente se manifesta,

e quer ser visto,

ser notado,

dizer quem é,

falar que pensa mudar.

Muitos lhe dão ouvidos,

sabem da sua angústia,

mas a agonia não cessa.

Anos e anos torturado,

uma busca incessante,

empurrado pela utopia,

quer mesmo jogar a toalha,

mas essa força lhe empurra,

sedento,

em frangalhos,

se arrastando como serpente.

Não entende que não lhe entendam,

tão claro que é,

é ávido,

se vê no anfiteatro,

a luz sobre si,

os olhos e mentes extasiados,

os braços abertos,

a felicidade de se pôr,

as idéias devoradas, a intimidade invadida.

É o céu ou é o sonho?

não sabe mais,

foi consumido pelo espetáculo,

confundiu-se com o personagem.

Será o fim?

o homem do lado lhe diz:

subiu apenas um degrau de uma longa escada.

Se imaginou só todo o tempo,

escuridão,

solidão,

desilusão,

e agora de olhos abertos,

é que viu gente.

Simbiose,

sintonia,

admiração.

Ele já sabe,

quando chegar o fim...,

não, não, não, o fim não chegará,

agora é que vai começar!