Pão na Chapa
Tão bonito, nem tão limpo
Tão pequeno, tão adulto,
Tão cheio de vida, tão vulgo
Tão educado, quando educação lhe foi negado
Sobre o calçamento, ouvindo o “Pode chegar”,
Mas ao se aproximar
É tocado, como o gado, é tocado
Porém sua cabeça não vale nada
É quase nada
Só mesmo peso morto para os outros
Assim como a caixa de madeira
Que dobra de peso na subida da ladeira
Chegando ao alto tem que apresentar
As moedas sujas de graxa
E o meio pão na chapa, dado de graça
Que guardaria para o irmão
Tão pequeno, tão adulto
No meio do tumulto, pequeno
É melhor você correr, e se esconder
Pois certo ou errado, irão condenar você!
Fuga do pequeno
Não traz tranqüilidade
Sobre o calçamento, a cor escarlate
Um corpo sem respiro,
E um suspiro, de alguém sem preconceito
Que o viu ao lado da caixa
E do tubo de graxa,
Dobrados os joelhos,
A camisa branca, suja, tingida de vermelho.
Mas é quase nada. Nada, nada, nada!
Ninguém sentiu sua falta
Só o meio irmão, sem meio pão na chapa.