Do fim para o começo
os continentes estão vazios de vozes
os continentes estão vazios de vidas
de exílio em exílio vagueia a humanidade
todos sob o peso da escuridão
os que emergem na penumbra
confundem-se com pássaros
que sombreiam o horizonte
e mendigos solitários
que escrevem poemas
os que tecem as manhãs
são rastros de futuro
o infinito é o espaço-desvão-vão
entre o que somos e o que seremos
entre o que seremos e o que fomos
há flores nos olhos das crianças
e o sagrado brilha nas gotas de orvalho
a verdade é que até mesmo o sol
precisa da nossa luz
para iluminar o céu
a busca é árdua e eterna
de dor em dor
um dia chegaremos ao começo
Helenice Priedols