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Gravura de J. Borges, Mudança de sertanejo
SECA DESALMADA
Lá vai gente, lá vai povo,
mundo afora, pela estrada,
onde já passou jagunço,
onde já passou boiada.
Hoje, da seca tangida,
uma família marcada,
levando fome e saudades
de uma terra ressequida,
sem um pingo de chuvisco,
janeiros sem invernada.
De pederneira no ombro,
o sertanejo: a mulher
e também a filharada,
além da cachorra magra
e um papagaio que fala,
todo agora capiongo,
por ora sem dizer nada.
Viche, que vidas ferradas!
Valei-as, Nossa Senhora!
Lá vai gente, minha gente.
Vai engrossar nas cidades
aquelas tantas feridas
que se deitam nas calcadas.
Eita, sertão sem porteiras,
onde a seca desalmada
mata bichos, povo tange
como quem tange boiada.
De Sergipe ao Maranhão
e outras paragens de cá,
toda gleba esturricada,
sem um pé de plantação,
água que também não há.
Lá vai povo, lá vai gente,
dos latifúndios ferrada,
humano gado passante,
sertanejo o mais presente
na solidão de uma estrada.
Fort., 12/02/2013.
Gravura de J. Borges, Mudança de sertanejo
SECA DESALMADA
Lá vai gente, lá vai povo,
mundo afora, pela estrada,
onde já passou jagunço,
onde já passou boiada.
Hoje, da seca tangida,
uma família marcada,
levando fome e saudades
de uma terra ressequida,
sem um pingo de chuvisco,
janeiros sem invernada.
De pederneira no ombro,
o sertanejo: a mulher
e também a filharada,
além da cachorra magra
e um papagaio que fala,
todo agora capiongo,
por ora sem dizer nada.
Viche, que vidas ferradas!
Valei-as, Nossa Senhora!
Lá vai gente, minha gente.
Vai engrossar nas cidades
aquelas tantas feridas
que se deitam nas calcadas.
Eita, sertão sem porteiras,
onde a seca desalmada
mata bichos, povo tange
como quem tange boiada.
De Sergipe ao Maranhão
e outras paragens de cá,
toda gleba esturricada,
sem um pé de plantação,
água que também não há.
Lá vai povo, lá vai gente,
dos latifúndios ferrada,
humano gado passante,
sertanejo o mais presente
na solidão de uma estrada.
Fort., 12/02/2013.