Querer ser ao tentar não ser
Aos vinte e dois, bebia da debilidade mal vicejante de um pôr-do-sol justo e matemático, como nas simulações de um Isaac Newton ou de um Einstein envelhecido e impaciente com o destino da bomba atômica.
Aos trinta, parodiava dentro de mim a bancada cheinha de desfaçatez dos que mudavam o papel do embrulho e depositavam o mesmo cinismo em nossas traqueias e bílis nauseantes
Aos quarenta, tenho meus dois pés atados aos freios na medida em que estão encordoadas minhas mãos intratáveis que cadenciam a doçura de uma calopsita, mas não se atrevem a deter a marcha célere de caricaturas indelicadas que borrascavam meus ideais de vida
Aos setenta ...
Aos oitenta e cinco ...
Aos doze anos, possuído pelas matizes de minha mãe, pai e irmãos, retraía-me diante de mim mesmo o projeto aos quarenta, setenta, oitenta e cinco ...
Viajei dentro de mim mesmo, paradas inflacionadas pelo peso de me deixar perder para poder me recuperar mais adiante ... O meu peso e altura, meras formalidades ... meus olhos compassados com o arfar do meu peito, minha sinfonia perfeita.