Menina brinca de boneca

Caminhei entre barras de ferro que imaginavam conter meninas à mercê do crime

Nenhuma daquelas barras sugeria pedagogia para oxigenar as vidas daquelas fracas meninas

Estatísticas de saias

Operadoras desavisadas, usadas pelo responsável boçal e cuspidas no prato de lixo da sociedade

Garotas de rosa-sangue

Umas já exibiam abdomens gravídicos e mal se entendiam por gente todas as meninas

Experimentaram o bucho cheio de alguém perplexo dentro delas e inocente porque ainda não era nem nascido vivo

Engraçadas ao olhar do palhaço

Olhavam sempre para o lado, ar preso no peito, fingiam acreditar que iriam se recuperar as simples meninas

A boca miúda, queriam ser as princesas do crime, a mulheres-meninas do chefe da boca do pó

Trapos e figuras apagadas

As pequenas mãos que seguravam porções de drogas também eram as mãos que ajeitavam os cabelos na última volta do ponteiro para elas meninas

Nos seus cursos de cabeleireiras, era irreal entender que muitas já sentiram o gosto belicoso do sangue imiscuído na saliva engolida em abrupto nos calibres de três-oitões e vinte e dois

Troças e objeto de ardil violento

Em cinco anos, a maioria delas será apenas marca pueril, insignificância de um poder público que abandonou cada uma das meninas

Isto é ser menina?

YOUNG
Enviado por YOUNG em 05/02/2013
Código do texto: T4124592
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