Menina brinca de boneca
Caminhei entre barras de ferro que imaginavam conter meninas à mercê do crime
Nenhuma daquelas barras sugeria pedagogia para oxigenar as vidas daquelas fracas meninas
Estatísticas de saias
Operadoras desavisadas, usadas pelo responsável boçal e cuspidas no prato de lixo da sociedade
Garotas de rosa-sangue
Umas já exibiam abdomens gravídicos e mal se entendiam por gente todas as meninas
Experimentaram o bucho cheio de alguém perplexo dentro delas e inocente porque ainda não era nem nascido vivo
Engraçadas ao olhar do palhaço
Olhavam sempre para o lado, ar preso no peito, fingiam acreditar que iriam se recuperar as simples meninas
A boca miúda, queriam ser as princesas do crime, a mulheres-meninas do chefe da boca do pó
Trapos e figuras apagadas
As pequenas mãos que seguravam porções de drogas também eram as mãos que ajeitavam os cabelos na última volta do ponteiro para elas meninas
Nos seus cursos de cabeleireiras, era irreal entender que muitas já sentiram o gosto belicoso do sangue imiscuído na saliva engolida em abrupto nos calibres de três-oitões e vinte e dois
Troças e objeto de ardil violento
Em cinco anos, a maioria delas será apenas marca pueril, insignificância de um poder público que abandonou cada uma das meninas
Isto é ser menina?