DELINQUÊNCIA: Uma Curta Viagem

À beira do rio um jovem

jogava pedras na água que

corria indiferente.

O cansaço retrai o braço:

a pedra acerta-o na testa.

Arma em punho, lição

distante do prumo

diálogo cortado com a dose

do mortal gole da desilusão

a fragmentar as horas de passeio.

A viagem acelera a cabeça

que sem base vislumbra a

sensação de se saber sujeito

e distante do berço,

pula o muro ao acaso.

O caso arrota na boca a fome

da foto e distrai os nervos da flora

encantada no asqueroso som da

morte a embalar o sonho num

recanto frio de dormir.

A loucura distorce os passos

do filho já sem fala na sala

sem jantar, a fome dita ao estômago

o sabor do marketing na distância

da tela no centro da realização.

Pedaços de lições sujas são levadas

pelo vento numa tarde sem pretensão,

enquanto a lama ensina o gosto

de ver no espelho sem rosto

a face viva da inanição.

Idade pouca, lúdica visão

para cavar o espaço no fosso

da família sem pares a equilibrar

os passos nos pingentes andaimes

que conduzem o garfo ao pão.

Fim de linha. Armas apontam

o caminho sem chão a pés

descompassados para cair no espaço

único guardado ao filho do caos,

alimentado pelos fatos da imaginação.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 02/02/2013
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