DELINQUÊNCIA: Uma Curta Viagem
À beira do rio um jovem
jogava pedras na água que
corria indiferente.
O cansaço retrai o braço:
a pedra acerta-o na testa.
Arma em punho, lição
distante do prumo
diálogo cortado com a dose
do mortal gole da desilusão
a fragmentar as horas de passeio.
A viagem acelera a cabeça
que sem base vislumbra a
sensação de se saber sujeito
e distante do berço,
pula o muro ao acaso.
O caso arrota na boca a fome
da foto e distrai os nervos da flora
encantada no asqueroso som da
morte a embalar o sonho num
recanto frio de dormir.
A loucura distorce os passos
do filho já sem fala na sala
sem jantar, a fome dita ao estômago
o sabor do marketing na distância
da tela no centro da realização.
Pedaços de lições sujas são levadas
pelo vento numa tarde sem pretensão,
enquanto a lama ensina o gosto
de ver no espelho sem rosto
a face viva da inanição.
Idade pouca, lúdica visão
para cavar o espaço no fosso
da família sem pares a equilibrar
os passos nos pingentes andaimes
que conduzem o garfo ao pão.
Fim de linha. Armas apontam
o caminho sem chão a pés
descompassados para cair no espaço
único guardado ao filho do caos,
alimentado pelos fatos da imaginação.