SOMBRA E ÁGUA MOMESCA (Baseado na fotografia de Ulisses Dumas)

Posseiros de cantos urbanos

Tela de estética febril

Robôs em nós desumanos

Cotidiano no cartão-não-postal do Brasil

Grafites são vozes rabiscadas

Os viadutos são as galerias

As vidas ceifadas das calcadas

E os vidros fumês ofuscam o lado da revelia

Telhados de folhas secas

Poltrona em frente a te ver

Sombra e água momesca

Pertences de um sobreviver

Ponteiros arbóreos tiquetaqueiam

As horas até o posfácio do dia

O guarda-chuva e o sapato se esperneiam

Aguardando o uso numa correria

Criado-mudo ao lado do colchão

Vidas sem itinerários, destino incerto

Uma mensagem para confortar o coração

E os devaneios vão se perdendo a céu aberto.

O Senhor das Palavras

O Senhor das Palavras
Enviado por O Senhor das Palavras em 21/01/2013
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