SOMBRA E ÁGUA MOMESCA (Baseado na fotografia de Ulisses Dumas)
Posseiros de cantos urbanos
Tela de estética febril
Robôs em nós desumanos
Cotidiano no cartão-não-postal do Brasil
Grafites são vozes rabiscadas
Os viadutos são as galerias
As vidas ceifadas das calcadas
E os vidros fumês ofuscam o lado da revelia
Telhados de folhas secas
Poltrona em frente a te ver
Sombra e água momesca
Pertences de um sobreviver
Ponteiros arbóreos tiquetaqueiam
As horas até o posfácio do dia
O guarda-chuva e o sapato se esperneiam
Aguardando o uso numa correria
Criado-mudo ao lado do colchão
Vidas sem itinerários, destino incerto
Uma mensagem para confortar o coração
E os devaneios vão se perdendo a céu aberto.
O Senhor das Palavras