Ser Menor

Sou tímido como um menino do interior

que jamais pisou nas cidades

Sou virgem de certas malícias,

um preterido pela sociedade

Sou calmo como um cordeiro branco

que, depois de nascer, só agora levantou

Sou leve como uma pluma

Cercado de ironias

Ingênuo como uma criança

Marcado nas cercanias

Testado nas minhas crenças

Explorado pelo senhorio

Olhado no dia a dia

Sugado pela chefia

Minha marca é a utopia

De entender essas entropias

Minha cara estampa a cortesia

Aprendida nas vísceras, na genealogia

Meu rastro é aura de cores

No espaço a ser ocupado pelos amores

Meu carma é a arma que o destino

usa contra mim desde menino

Mas quando me lembro de que nada valho

Humilhado e ignorado a todo instante

Entendo tudo ao contrário

Aí eu sou meliante