Hoje o sol que deveria
Pressagiar primavera...
Vendo a chispa que rodava
Em sangue se deslindava
E na dor estremecia
Cerrou os olhos no céu
E de lástima chorou
Hoje os trabalhadores
Jazem estendidos no chão
Como se fosse domingo
Na cidade ensimesmada
Corre o sangue e o ar vibra
De indignação e espanto
A cobardia anda à solta
Após ter saído à rua
Projetado com frieza
Executado a matança
Lisboa, 11 de Março
2004